Tudo tem uma primeira vez...
Eu realmente nasci com a habilidade natural de transformar desgraça em algo que dê pra se tirar boas risadas. Só não tinha me ligado do quanto essa habilidade iria me ajudar quando eu fosse visitar um proctologista...Ok, depois de um ano morando em Campinas eu, com 32 anos de idade, fui ao proctologista. Só esse simples fato já seria motivo suficiente para se dar risada da minha cara. O interessante é como as coisas acontecem. Cheguei, pontualmente às 16h40, na clínica onde o meu médico, que por razões óbvias vou chamar de dr Dedão, atende. Logo que cheguei pensei comigo "As pessoas na recepção, aguardando consulta, nem vão me notar, são tantos médicos, ninguém vai desconfiar que estou indo a um proctologista". Ledo engano o meu. Cometi o erro de olhar a placa com o nome dos médicos da clínica e descobri que o destino realmente adora me pregar peças... A placa dizia "Fulana de tal, obstetra. Ciclana de tal, obstetra. Dr Dedão, proctologista". Vamos lá, de quantos meses de gravidez vocês acham que os outros pacientes acharam que eu estava?Quando eu estava chegando na clínica eu encontrei um senhor de uns 60 anos que estava com uma expressão que eu só viria a entender cerca de 01h30 mais tarde... Entrei na clínica e já notei que haviam uns 5 pacientes esperando para ser atendidos, todas elas mulheres. Elas olharam para mim de um jeito termo e aconchegante. A primeira coisa que se sente é que você é o centro das atenções. Com o canto do olho você pode jurar que pode observar as paciente, antes mudas, falando e olhando para você. O desconforto aumenta quando você não tem uma droga de revista interessante pra ler no consultório. Fiquei lá sentado, de cabeça baixa, esperando os 40 min mais longos da minha vida. E aquela mulherada grávida me olhando com cara de pena...Em um determinado momento a atendente chama "sr Paulo Pedroso, o doutor vai vê-lo agora..." Filha da puta, tinha que falar meu nome??? Era só apontar e dizer "Ei, você aí, entra". Muito mais simples.Entrei na sala e a primeira coisa que me liguei é que é inevitável você olhar para a mão do médico. Deve ser o tal instinto de auto preservação. O começo da consulta correu como qualquer visita a um clínico geral. Ele me perguntou dos meus hábitos alimentares, perguntou o que eu estava sentindo, o que eu havia observado de estranho. Até esse momento foi tudo legal, tirando a hora que o desgraçado olhou pra mim e disse com algo que eu posso descrever como, sorriso de canto, "Bom, só examinando..."Não dá pra explicar a sensação daquele momento, o cara ia mesmo fazer aquilo que desde a adolescência era visto como meio de chacota entre meus amigos. Era o momento derradeiro, ele me levou pra uma salinha do lado, tinha uma maca lá. Virou pra mim e disse, deite-se com a barriga pra cima e abaixe as calças e a cueca até os joelhos, porra, não elogiou nem meu cabelo, não me disse que eu era bonito, nem um beijinho, foi mandando abaixar as calças e pronto... Lembrei da minha mãe que sempre dizia que a gente tinha que estar com uma cueca bonita e limpa quando fosse ao médico. Ele virou pra mim e disse, agora você vira pra lá de lado e aproxima os joelhos do queixo. As minhas pernas não me obedeciam, eu dizia pra elas "NÃO!!!" e elas foram se encolhendo e eu entrei em posição fetal. Enquanto isso o médico ia colocando um par de luvas cirurgicas e cantarolando. Pra que?? Filha da puta, ele acha que cantarolar vai me deixar mais relaxado??? Ouvi a voz dele dizer "Vamos fazer um exame de toque". Nesse momento tudo ficou distante, o som dos carros na rua pareceu estar tão longe, tão distante. Bom, só posso dizer que foi mais rápido do que eu pensava. Devia chamar EXAME NINJA, rápido, silencioso e mortal. Pensei comigo "Puts, acabou...", e ele disse "Tem mais um exame". A frase "Será que ele gostou de mim?" passou pela minha cabeça. Fiquei ali esperando e ele foi pegar o aparelho pra fazer o exame. O cara mexia em alguma coisa, que eu não podia ver por estar de costas, que fazia o mesmo som que faz quando o mecânico vai pegar a chave de grifo na caixa de ferramentas. E lá fomos nos para mais um capítulo de Jornada nas Estrelas, indo onde nenhum homem jamais foi antes... O segunde exame foi rápido também, mais demorado e consideravelmente mais gelado que o primeiro, mas foi rápido. Depois disso ele me mandou levantar as calças, me receitou uma pomada e uns comprimidos, que eu acho que é placebo, só pra você não sair de lá pensando que o cara enfiou o dedo no seu rabo a troco de nada...Já na recepção, ao sair da sala do médico, eu entendi a expressão daquele senhor que encontrei na entrada. Todo mundo olha pra você com aquela cara "Eu sei o que você fez no verão passado". Demora um tempo até você sair na rua e deixar de achar que está todo mundo te olhando. Demora até você se convencer de que não tá escrito nada na sua testa que te comprometa...Enfim, já foi, já passou, agora estou aqui, do lado do telefone esperando pra ver se o dr Dedão me liga ou me manda flores...
Eu realmente nasci com a habilidade natural de transformar desgraça em algo que dê pra se tirar boas risadas. Só não tinha me ligado do quanto essa habilidade iria me ajudar quando eu fosse visitar um proctologista...Ok, depois de um ano morando em Campinas eu, com 32 anos de idade, fui ao proctologista. Só esse simples fato já seria motivo suficiente para se dar risada da minha cara. O interessante é como as coisas acontecem. Cheguei, pontualmente às 16h40, na clínica onde o meu médico, que por razões óbvias vou chamar de dr Dedão, atende. Logo que cheguei pensei comigo "As pessoas na recepção, aguardando consulta, nem vão me notar, são tantos médicos, ninguém vai desconfiar que estou indo a um proctologista". Ledo engano o meu. Cometi o erro de olhar a placa com o nome dos médicos da clínica e descobri que o destino realmente adora me pregar peças... A placa dizia "Fulana de tal, obstetra. Ciclana de tal, obstetra. Dr Dedão, proctologista". Vamos lá, de quantos meses de gravidez vocês acham que os outros pacientes acharam que eu estava?Quando eu estava chegando na clínica eu encontrei um senhor de uns 60 anos que estava com uma expressão que eu só viria a entender cerca de 01h30 mais tarde... Entrei na clínica e já notei que haviam uns 5 pacientes esperando para ser atendidos, todas elas mulheres. Elas olharam para mim de um jeito termo e aconchegante. A primeira coisa que se sente é que você é o centro das atenções. Com o canto do olho você pode jurar que pode observar as paciente, antes mudas, falando e olhando para você. O desconforto aumenta quando você não tem uma droga de revista interessante pra ler no consultório. Fiquei lá sentado, de cabeça baixa, esperando os 40 min mais longos da minha vida. E aquela mulherada grávida me olhando com cara de pena...Em um determinado momento a atendente chama "sr Paulo Pedroso, o doutor vai vê-lo agora..." Filha da puta, tinha que falar meu nome??? Era só apontar e dizer "Ei, você aí, entra". Muito mais simples.Entrei na sala e a primeira coisa que me liguei é que é inevitável você olhar para a mão do médico. Deve ser o tal instinto de auto preservação. O começo da consulta correu como qualquer visita a um clínico geral. Ele me perguntou dos meus hábitos alimentares, perguntou o que eu estava sentindo, o que eu havia observado de estranho. Até esse momento foi tudo legal, tirando a hora que o desgraçado olhou pra mim e disse com algo que eu posso descrever como, sorriso de canto, "Bom, só examinando..."Não dá pra explicar a sensação daquele momento, o cara ia mesmo fazer aquilo que desde a adolescência era visto como meio de chacota entre meus amigos. Era o momento derradeiro, ele me levou pra uma salinha do lado, tinha uma maca lá. Virou pra mim e disse, deite-se com a barriga pra cima e abaixe as calças e a cueca até os joelhos, porra, não elogiou nem meu cabelo, não me disse que eu era bonito, nem um beijinho, foi mandando abaixar as calças e pronto... Lembrei da minha mãe que sempre dizia que a gente tinha que estar com uma cueca bonita e limpa quando fosse ao médico. Ele virou pra mim e disse, agora você vira pra lá de lado e aproxima os joelhos do queixo. As minhas pernas não me obedeciam, eu dizia pra elas "NÃO!!!" e elas foram se encolhendo e eu entrei em posição fetal. Enquanto isso o médico ia colocando um par de luvas cirurgicas e cantarolando. Pra que?? Filha da puta, ele acha que cantarolar vai me deixar mais relaxado??? Ouvi a voz dele dizer "Vamos fazer um exame de toque". Nesse momento tudo ficou distante, o som dos carros na rua pareceu estar tão longe, tão distante. Bom, só posso dizer que foi mais rápido do que eu pensava. Devia chamar EXAME NINJA, rápido, silencioso e mortal. Pensei comigo "Puts, acabou...", e ele disse "Tem mais um exame". A frase "Será que ele gostou de mim?" passou pela minha cabeça. Fiquei ali esperando e ele foi pegar o aparelho pra fazer o exame. O cara mexia em alguma coisa, que eu não podia ver por estar de costas, que fazia o mesmo som que faz quando o mecânico vai pegar a chave de grifo na caixa de ferramentas. E lá fomos nos para mais um capítulo de Jornada nas Estrelas, indo onde nenhum homem jamais foi antes... O segunde exame foi rápido também, mais demorado e consideravelmente mais gelado que o primeiro, mas foi rápido. Depois disso ele me mandou levantar as calças, me receitou uma pomada e uns comprimidos, que eu acho que é placebo, só pra você não sair de lá pensando que o cara enfiou o dedo no seu rabo a troco de nada...Já na recepção, ao sair da sala do médico, eu entendi a expressão daquele senhor que encontrei na entrada. Todo mundo olha pra você com aquela cara "Eu sei o que você fez no verão passado". Demora um tempo até você sair na rua e deixar de achar que está todo mundo te olhando. Demora até você se convencer de que não tá escrito nada na sua testa que te comprometa...Enfim, já foi, já passou, agora estou aqui, do lado do telefone esperando pra ver se o dr Dedão me liga ou me manda flores...
1 comentários:
hauhuahuahuauhahu
mto foda
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